Ficámos todos muito agradecidos a Vítor Gaspar por permitir que uma boa parte do nosso dinheiro vá servir para financiar e capitalizar as empresas portuguesas. Isto significa que a sua excelente equipa, de grande valia técnica e politicamente aplaudida nas mais altas instâncias, nos tenha escolhido a todos nós - trabalhadores de rendimento suave - para substituir não só os sócios e accionistas, actualmente sem liquidez, como também todos os bancos nacionais, a braços com um longo processo de redução generalizada de crédito (desalavancagem).
Estamos portanto muito envaidecidos por nos ter sido dada esta oportunidade de fazer um pequeno sacrifício pela nossa economia, pois sentimos que temos pujança financeira para tal.
Por outro lado, estamos certos que qualquer redução no nosso consumo motivada por este ligeiro esforço adicional nos será devidamente perdoada. Igualmente, não duvidamos que o aumento do desemprego em que, por falta de sorte, possamos incorrer será considerado aceitável no âmbito desta recessão que teima em não nos largar.
A nossa vasta classe média baixa, que sempre deu provas de grande humildade e de enorme orgulho nacional, dá assim gostosamente um novo passo em frente para o bem de todos e fica disponível para novos desafios.
António Carvalho e Palma