quinta-feira, outubro 25, 2007

Farmácias sorteadas


As farmácias são um negócio, aliás um excelente negócio, em paralelo com o papel decisivo de interesse público que representam.

O que eu não sabia era que seria adequado estipular em letra de lei que o sorteio é o mais indicado para determinar o vencedor de concursos públicos para abertura de qualquer nova farmácia. Mas a edição de hoje do Diário de Notícias, que teve acesso ao projecto de portaria do Ministério da Saúde, explica-nos isso claramente.

Com efeito, em primeiro lugar observam-se os parâmetros legais que são taxativos e que dão preferência a novos proponentes sem ligação a qualquer farmácia existente. Depois, será o sorteio que decidirá, que conforme estipula o diploma legal é a forma mais “equitativa, transparente e objectiva” que se pode encontar.

Não sei porquê mas acho falta de imaginação a mais e o meu (bom) senso tende a não aceitar isto.

terça-feira, outubro 23, 2007

Uma história de dois escritores


Penso não errar ao dizer que José Rodrigues dos Santos e Miguel Sousa Tavares são os escritores nacionais cujos livros têm maiores tiragens.

O facto curioso é que ambos têm, nesta semana, mais um livro nas livrarias. Do primeiro, saíu no sábado "O Sétimo Selo" e, do segundo, vai ser publicado "Rio das Flores" na próxima 5ª. feira.

Eu, que talvez espere muito desta última obra de Sousa Tavares, tenho também uma grande admiração pela capacidade de escrever rapidamente (incluindo as demoradas pesquisas) de Rodrigues dos Santos.

É que uma das maiores qualidades de um escritor (para além de outras, obviamente) é a fluência e este requisito está garantido por quem escreve livros interessantes (e longos) quase de seis em seis meses.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Um problema anunciado


De repente, devido aos variados problemas que têm atingido o BCP (nunca me habituei a usar a nova designação de Millennium), o País depara-se com a possibilidade de uma fusão deste banco com o BPI. Ora, La Caixa é o maior accionista de ambos e esta instituição, que tem reforçado a sua posição, obviamente poderá querer ter uma participação ainda maior.

Naturalmente, eu não acredito que um eventual novo banco assim criado, que seria o maior da nossa praça, possa ser controlado por um banco espanhol. É que os centros de decisão nacional, para certos casos, não são uma palavra vã!

Vai haver muita "negociação" de altíssimo nível com muitos intervenientes, onde provavelmente a Caixa Geral de Depósitos poderá ser a base da solução.

domingo, outubro 21, 2007

Uma pessoa corajosa


Quando o Procurador-Geral da República, figura de grande idoneidade nacional, nos vem confidenciar que o seu telefone pode estar sob escuta, sem ele saber, é mais um bocado do nosso castelo de areia que se esboroa – a juntar a muitos outros casos e situações – e nos faz descrer mais um pouco da sociedade em que vivemos e dos valores que nos regem.

Não quero acreditar que algumas coisas graves que ele disse na entrevista ao Semanário SOL fossem somente um palpite ou uma convicção. Mas as críticas profundas que expressou sobre várias entidades, levam-me a ter esperança que, com o seu estilo franco e voluntarioso, possa fazer muito mais pela nossa justiça do que os seus antecessores.

sábado, outubro 20, 2007

O progresso em Portugal


Nós somos mesmo assim: temos imensas coisas que são das melhores da Europa, imensas outras que são únicas no mundo e por aí adiante. Não há nada a fazer, somos uns exagerados convencidos e cheios de ilusões.

Vem isto a propósito de um caso ao mesmo tempo louvável e incrível. Tem a ver com a implantação de energias alternativas em Portugal e às condições de atraso dos locais escolhidos.

Efectivamente, “o maior parque eólico da Europa”, de 120 geradores, previsto para começar a funcionar em 2008 no concelho de Monção e arredores, parece ir dar escassas contrapartidas a determinadas Juntas de Freguesia. Que são exactamente as que irão ver o progresso ser implantado nas suas terras enquanto as populações continuam a não possuir abastecimento de água ao domicílio, a desconhecer o saneamento e a ter maus acessos rodoviários.

sexta-feira, outubro 19, 2007

A Hora de Portugal?


E a vida segue esplendorosa neste Portugal Presidente da União Europeia! Conseguimos o tratado, acho que o trabalho diplomático foi diligente e atento. Nem parece que estamos a caminhar para a cauda da Europa, pois não?

Mas não sejamos derrotistas, que diabo!

Também o novo Orçamento para 2008 põe o défice nos trilhos, mais uma vez para agradar a Bruxelas. Eu até acho bem que agrademos à Europa, o que eu já não acho tão bem é que seja a classe média baixa a pagar tudo. Sim porque somos nós mesmo que pagamos as contas todas. Isto para além das necessárias benesses de Bruxelas (só é pena que ainda tenhamos a mentalidade da "mão estendida").

Mas em termos de desenvolvimento, Portugal tem um problema grave. Adoptando sempre as mesmas práticas e efectuando escassso investimento tecnológico, não dá para esperar que os resultados (leia-se as nossas vidas) possam ser diferentes.

quarta-feira, outubro 17, 2007

Tempos difíceis


Ao mesmo tempo que, no seu conjunto, a economia mundial sobe, existem cada vez mais motivos de preocupação pela situação política internacional.

A queda do dólar americano está praticamente imparável e os seus efeitos colaterais fazem-se sentir com grande intensidade: o preço do petróleo (e de outras importantes matérias-primas), numa época que costuma ser de menor procura, está numa tendência de subida fortíssima batendo sucessivos records.

É que as maiores economias emergentes, que estão a registar um grande crescimento, têm enormes reservas na divisa americana e quando esta perde muito valor torna-se imprescindível aplicá-la na compra dos factores de produção de que esses países necessitam.

terça-feira, outubro 16, 2007

A economia do insucesso


Francamente, não sinto a nossa economia a crescer. Mas admito que as estatísticas que andam por aí possam encontrar uma leve tendência de crescimento. Não se vê bem onde nem se acredita numa situação sustentada que, em qualquer caso, não chega para evitar o nosso atraso relativamente à União Europeia, que já começa a ser um fado português.

Após o FMI ter revisto em baixa o crescimento económico de Portugal para 2008 , de 2,1% para 1,8%, vem agora Vítor Constâncio dizer que essas previsões são "excessivamente pessimistas". Para ele, devemos acreditar mais nas estimativas do Banco de Portugal que nos surpreende com uns mais substanciais 2,2%
, embora acrescente "que subsistem riscos para a economia portuguesa".

Ficámos a saber que umas míseras 4 décimas de diferença constituem um excessivo pessimismo. Ao que nós chegámos: andamos a contar as migalhas, a esgrimir uns números que, mais tarde, se os pressupostos não se concretizarem, ainda podem ser muito piores.

segunda-feira, outubro 15, 2007

A nossa força


Hoje é "Blog Action Day" dedicado ao meio ambiente.

"Não estragar o ambiente " é um objectivo eminentemente social, especialmente se estamos a referir-nos à melhor preservação do nosso planeta. A palavra ambiente começa a estar um pouco gasta mas isso é o preço a pagar pela consciência que todos devemos ter sobre a necessidade de acautelar os problemas da qualidade de vida.

Com o nosso minúsculo quinhão, podemos ajudar activamente a não deixar problemas cada vez maiores para as gerações futuras.

Bom Dia!

domingo, outubro 14, 2007

Prémio de antiguidade?


Salvo raras excepções, há bastantes anos que o Prémio Nobel da Literatura vem sendo atribuído a escritores extremamente idosos, dando a ideia que a lentidão da ponderação da academia ultrapassa todas as medidas.

Conceder o Nobel a autores na parte final da sua vida, fazendo um último esforço para os apanhar ainda a tempo não é um exercício recomendável, dando a errada ideia de que se trata de um prémio de antiguidade.

A atribuição do prémio a Doris Lessing, para além de outras interrogações, põe a seguinte questão: se merecia o Nobel porque não o teve aos 57 em vez de aos 87?

sábado, outubro 13, 2007

Scolari e as vitórias morais


Como nós pensávamos que tinham ficado definitivamente para trás as vitórias morais, Scolari veio enfim colocar as coisas no caminho certo. Jogo após jogo em que devíamos ganhar mas em que, amedrontados, parados e confusos entregámos o empate aos nossos dois principais adversários.

Até parece que a reacção de Scolari contra o jogador sérvio teve a mesma génese: foi sem jeito, não foi carne nem peixe e mostrou mais desalento que intenção.

Será que Murtosa não vai baralhar mais a questão? Esperemos que as coisas não corram assim tão mal!